O próximo ano se desenha sob a sombra da volatilidade no mercado de proteína animal, influenciada por variáveis como condições climáticas, fatores geopolíticos, riscos sanitários e dinâmicas do poder de compra da população.
As barreiras comerciais persistem como um desafio premente para o setor de exportação, dado o ambiente de baixa previsibilidade.
O crescimento global da produção de carne suína, que vinha em ascensão, enfrentará uma interrupção em 2024. Essa tendência reflete a expectativa de redução na oferta dos três maiores produtores mundiais: China (-0,5%), UE-27 (-3,0%) e EUA (-0,6%). Contrariando essa tendência, o Brasil, como o quarto maior produtor, projeta um aumento na produção de 3,5% no mesmo período.
A persistência da Peste Suína Africana (PSA) como uma preocupação sanitária central para o setor é enfatizada, apesar dos avanços no desenvolvimento de vacinas. Até o momento, nenhuma vacina alcançou eficácia comercial suficiente.
No Brasil, a desvalorização dos custos de alimentação, recuperação das exportações e demanda doméstica robusta melhoraram as margens de produção, especialmente a partir do segundo trimestre. O movimento de descarte de matrizes, que desacelerou em relação ao ano anterior, contribuiu para sustentar a oferta.
Para 2024, a expectativa é de uma safra recorde de grãos, mantendo os níveis de oferta elevados no mercado doméstico e sustentando as cotações da ração.
Os preços desse insumos, representando entre 70% e 80% dos custos de produção, estão sob escrutínio, com atenção especial às questões climáticas relacionadas ao El Niño, que têm impactado negativamente a janela de plantio da soja na região Sul.
No âmbito das exportações, o mercado chinês continua sendo o maior destino, representando 35% do total exportado. Mesmo com uma leve queda em volume, o Brasil tornou-se o maior exportador dessa proteína para a China, com uma participação de 26% no total importado pelo mercado asiático.
As expectativas de preços competitivos no mercado externo e o aumento na demanda chinesa representam desafios significativos para o mercado doméstico, que enfrentará a concorrência não apenas pelos preços, mas também pelo forte apelo cultural da carne suína para uma parcela considerável da população.
O Rabobank projeta um aumento na oferta de 3% a 4% em 2024, impulsionado pelo aumento no consumo per capita e pelas exportações, que devem recuperar de 3% a 5% em volume em comparação a 2023.
Ainda que o Brasil seja o único grande produtor a aumentar a oferta de proteína no próximo ano, o crescimento deve ser modesto, em linha com a perspectiva de demanda global. Os desafios sanitários, climáticos e comerciais devem continuar a pesar sobre o setor, mas a expectativa é de que o mercado se mantenha relativamente equilibrado.
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