O Brasil é um mercado referência na produção de carne de frango. Por isso, o Ligados & Integrados foi até o Rio Grande do Sul para descobrir o que os nossos produtores rurais fazem todos os dias para conquistar tanta qualidade.
Sabor, textura e maciez da carne, assim como o peso da ave são alguns desses fatores. Mas há um outro que muita gente não sabe: a pele do frango precisa estar intacta. Essa é a primeira observação dos profissionais dos frigoríficos e, para garantir isso, é preciso muito trabalho.
Para se ter uma ideia, se a estrada que leva à granja é ruim e o transporte dos pintinhos for turbulento, já pode haver interferência na qualidade do produto.
De acordo com Volnei Jaime Piccoli, encarregado da granja, a primeira coisa que se deve notar é o bem-estar dos pintinhos. É preciso verificar se eles estão bem e se a temperatura está adequada, além de olhar se todos os equipamentos estão funcionando corretamente, pois qualquer anormalidade pode afetar o bem estar. Os pintinhos precisam ter acesso à água e à ração e se se tiver água na cama é ruim pois a umidade pode afetar a qualidade da pata do pintinho.
A engenheira agrícola e ambiental Gabrieli Paula Bertella afirma que diariamente é feita a regulagem na altura dos comedouros, para facilitar o consumo de ração. O pintinho não pode fazer esforço para comer, o que poderia machucá-lo.
Para atingir os níveis de qualidade esperados também é um diferencial a climatização dentro de uma granja modal. Para manter os níveis de temperatura adequados são utilizados exaustores, placas evaporativas e Ilints, que são usados para jogar o ar para cima e não bater direto no animal.
Mesmo assim, os frangos podem se concentrar em regiões da granja que são mais frias e esse adensamento pode podem causar dermatites e dermatoses, o que pode comprometer a pele do frango. Por isso, são utilizados dentro da instalação divisões, para evitar a migração de um lado para o outro e o adensamento.
“Além dele apresentar um bom desempenho, a gente precisa também uma boa qualidade do frango e da pele, para chegarmos no frigorífico com um produto final de qualidade, um produto íntegro, intacto, para que a gente possa fazer os cortes nobres e destinar para os mercados que a gente comercializa. Caso a pele esteja riscada, acaba gerando uma condenação lá no frigorífico, daí é retirada a parte com aquela dermatose e isso acaba sendo descartado e gera um prejuízo muito grande”, explica o extensionista Alexssandro Zaffari Almeida.
Cristiano Troncoso Júnior, médico-veterinário e mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, afirma que, antigamente, apenas o peso já era suficiente para considerar a ave como sendo de qualidade. “Hoje, os padrões estão cada vez mais rigorosos. Além da pele, a gente destaca partes como a coxa, a asa e o peito, de acordo com cada mercado”, diz. “Por exemplo, uma coxa padrão seria vistosa, como qualidade de pele impecável e peso ideal para o consumidor.”
O médico-veterinário afirma que a preocupação nos criatórios é constante, e inclui cuidados como o intervalo sanitário. “É importante evitar uma cama úmida, com gases indesejados como amônia, que é prejudicial para ave, pois pode causar uma série de consequências para a pele”, afirma Cristiano Troncoso Júnior.